A conscientização sobre ciência e seu desenvolvimento é crucial para entender as relações entre tecnologia e sociedade. A alfabetização científica, fundamental para docentes e discentes, promove uma sociedade mais crítica (CHASSOT, 2001). A pandemia da COVID-19 destaca a interconexão da ciência com aspectos políticos, econômicos e sociais, enfatizando a necessidade de divulgação científica para simplificar conceitos e combater a desconfiança (ROCHA et al., 2021; GALHARDI et al., 2020). A crescente desconfiança, relacionada à dificuldade em avaliar criticamente informações, reforça a necessidade de uma alfabetização científica eficaz para desenvolver o pensamento crítico na sociedade (ARAÚJO et al., 2021). O campo da saúde, essencial para a qualidade de vida, enfrenta desafios em relação ao investimento em pesquisa e ao acesso da população ao conhecimento (HARALDSTAD et al., 2019). A falta de acesso pode resultar na não compreensão da importância dos produtos gerados na área da saúde, contribuindo para a onda negacionista, especialmente no caso da vacinação (GALHARDI et al., 2020). A promoção da educação em saúde é vital para conscientização individual e coletiva, visando evitar exposições prejudiciais e empoderar indivíduos para impactar positivamente o sistema de saúde (RATZAN, 2001).
O câncer, caracterizado pelo crescimento desordenado de células, representa um desafio global, sendo a principal causa de mortes (HASSANPOUR et al., 2017). Estimativas recentes indicam um número significativo de casos e óbitos a nível mundial, destacando a relevância do tema também no Brasil (GLOBOCAN – SUNG et al., 2020; INCA – DE OLIVEIRA, 2020). A história de vida dos pacientes, incluindo fatores genéticos, biológicos e socioambientais, está associada ao surgimento do câncer. A alimentação desempenha um papel crucial na promoção e prevenção da doença, destacando a importância da conscientização para escolhas alimentares saudáveis. Isso envolve a redução de alimentos ultraprocessados e o aumento do consumo de alimentos naturais ou minimamente processados, produzidos de maneira sustentável e respeitando as condições socioculturais. Promover uma alimentação consciente requer educação sobre alimentos de qualidade nutricional e a criação de novas opções de escolha. Isso inclui apoiar produtores com menor impacto ambiental, como pequenos produtores, agricultura familiar, produtores orgânicos, e promover a produção local, como hortas urbanas. Essas iniciativas têm um potencial significativo no gerenciamento da saúde pública, impactando positivamente na qualidade de vida, economia e sustentabilidade. A produção consciente de alimentos está associada à prevenção de diversas doenças, incluindo o câncer. Apesar do impacto na saúde pública, a divulgação científica em câncer é limitada para a população em geral. Portanto, é crucial abordar o tema em linguagem acessível, especialmente para crianças e adolescentes, promovendo a conscientização desde cedo.
Estudos recentes destacam a correlação entre saúde e educação, enfatizando a importância da compreensão de informações relacionadas à saúde (NUTBEAM, 2008). A divulgação de dados científicos em linguagem técnica requer adaptação para o público leigo, facilitando intervenções eficazes na saúde pública. A comunicação entre escola e cientistas, criando uma interface entre "Ciência e Educação", tem potencial significativo para impactar positivamente a vida das pessoas, especialmente considerando o desempenho inferior do Brasil em ciências no PISA de 2018. Um dos grandes desafios para superar esse problema é refinar a linguagem para uma descrição simples da ciência que seja de acesso comum. A inclusão de técnicas artísticas dinâmicas (por exemplo, desenhar uma representação dos conceitos científicos) podem combinar vários modos de aprendizagem, ou seja, raciocínio, comunicação e engajamento, para melhorar a alfabetização científica (SMITH-WALTERS et al., 2016).
A apresentação de modelos ilustrativos, inserção de brincadeiras, o manuseio de equipamentos do cotidiano do fazer científico e.g. microscópio com avaliação de objetos próximos à realidade dos educandos, são importantíssimos no processo de transferência de conhecimento, contribuindo para a criação conjunta de uma linguagem científica mais desmistificada e próxima à realidade do cotidiano. Pois com a utilização desses mediadores conseguimos concretizar conceitos antes abstratos, e migrar da teoria para a prática da alfabetização científica. Por fim, a continuação do presente projeto visa integrar mais temas relacionados aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ou ODS), os quais são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar uma melhor saúde, paz e prosperidade. Estes objetivos foram definidos pelas Nações Unidas (ONU) e contribuem para que o Brasil possa atingir a Agenda 2030 no Brasil.